"Shoulder" e "She's Not Good For Me", a honestidade desarmante de Luna Keller
O segundo destaque do dia vai para Luna Keller, sobre quem já falei aqui, e para dois dos seus singles, lançamentos que vão compondo o seu disco de estreia. "Shoulder", que conta com a colaboração de Dom Malin, e "She's Not Good For Me" são duas canções tão contrastantes quanto complementares, duas faces da mesma moeda. A primeira é um tributo às luzes que nos guiam, a segunda em tom agridoce, lembra-nos que recuperar a nossa saúde mental é, muitas vezes, um caminho sinuoso.
Nas duas, sente-se mais uma vez a genuinidade do trabalho de Luna e dos que a rodeiam. Se, em "Shoulder", o apoio de Dom Malin soa extremamente orgânico e a sinergia criativa entre os dois exala em cada nota de música e em cada entoação, "She's Not Good For Me" traz consigo um ambiente mais introspetivo, mais vulnerável, mas, ao mesmo tempo, com raios de luz que teimam em surgir.
Ora ouçam:
São duas composições que emocionam, com letras relacionáveis e ambientes reconfortantes.
É certo que "Shoulder" tem um cariz mais caloroso. Oferece-nos um ambiente cheio de ternura e de cumplicidade, com as vozes de Luna e de Dom numa harmonia perfeita entrelaçando-se na melodia. A paisagem sonora é envolvente e aconchegante, com os acordes de guitarra a abraçarem-nos enquanto a batida suave nos embala. A letra é esperançosa e o refrão tem algo de mágico e é impossível não sentir algum tipo de comoção.
"She's Not Good For Me", por seu lado, está envolta em melancolia, em sombra e em dor, mas não deixa de ser uma composição que traz conforto. A voz de Keller irradia emoção e sinceridade numa entrega plena que me deixa sempre com o coração apertado; e surge perfeitamente amparada pela linha delicada de guitarra e por arranjos leves, quase etéreos, que conferem ao ambiente uma dimensão (ainda) mais intimista.
"Shoulder" e "She's Not Good For Me" são canções cheias de emoção e de alma. De sofrimento, também, mas sobretudo de amor, que é, para mim, tudo o que precisamos para curar as feridas mais difíceis. Em cada uma delas, revela-se a força de Luna, ora mais forte, ora mais ténue, mas sempre presente, algo que só pode inspirar quem a ouve. E é por isso que são a companhia perfeita para quando nos sentirmos mais desamparados.
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