"Still Here" e "Don't Wanna Talk", o som poderoso e relacionável dos Cloud House
A fechar o fim-de-semana, o som enérgico e orelhudo dos escoceses Cloud House, a banda de Conor McCarry (voz, guitarra), Patrick Wallace (guitarra solo), Jack Hughes (bateria), Calum Wray (baixo) e Morgan Cardwell (saxofone, teclas, guitarra), que possui uma capacidade notável de capturar a experiência humana com honestidade crua e inegável emoção.
O seu som, caracterizado por harmonias vocais crescentes e instrumentais ricos e vibrantes, entrelaça sem esforço vulnerabilidade e resiliência. O novo EP "Still Here", previsto para Novembro, incluirá sete faixas sobre luto, esperança, resiliência, lutas na infância, saudade, perda e crescimento pessoal, entre as quais, "Still Here" e "Don't Wanna Talk", os dois temas já revelados do EP.
A primeira, "Still Here", oferece-nos uma sonoridade indie rock poderosa, qual hino de estádio, revelando uma paisagem sonora rica e melodias irresistíveis. O ambiente aguerrido e reluzente, feito de guitarras crescentes, de uma secção rítmica apetecível e apontamentos de teclas luminosas, disfarça a melancolia da letra que traz consigo uma mensagem comovente e vulnerável; a canção, escrita por Patrick para Conor após a morte da mãe deste último, evoca as complexidades do luto e o sentimento avassalador de impotência que muitos de nós sentimos quando queremos apoiar alguém enlutado, e pretende ser um farol de esperança em tempos mais sombrios.
É, sem dúvida, uma canção calorosa e inspiradora, onde a voz sincera e sentida de Conor nos guia canção fora enquanto o instrumental, em camadas e marcado pelo trabalho de guitarra de Patrick, envolve-nos de imediato, graças a harmonias emotivas e sequências de acordes cativantes.
"Don’t Wanna Talk" mantém o mesmo registo, dando continuidade à sonoridade vibrante e hínica dos Cloud House. Melodias ritmadas e dinâmicas servem de tela musical para (mais) uma narrativa profundamente pessoal de Conor, inspirada nas circunstâncias desafiadoras de sua infância.
É uma composição com um som enérgico e condutor, onde otimismo convive lado a lado com melancolia. Guitarras ruidosas em perfeita parelha com linhas de baixo encorpadas e teclas melódicas traduzem-se numa paisagem sonora pujante, catártica e emocional, onde o refrão entrega uma energia tremenda. Mais uma vez, a interpretação de Conor chega-nos sincera e apaixonada, honesta e relacionável, dando um cunho único às canções.
"Still Here" e "Don't Wanna Talk" são composições cativantes, que mostram bem como a música pode ser uma forma de terapia, permitindo-nos enfrentar e reconhecer as nossas emoções e os nossos sentimentos mais desafiadores e, assim, encontrarmos algum alívio. E são as duas para ouvir com o volume no máximo, quando mais precisarmos de descomprimir.
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