"Pia", o intimista e caloroso novo single dos Futile Devices

 

O segundo destaque de hoje vai para "Pia", o mais recente single dos franceses Futile Devices, o projeto de Fred (Great Man With No Fear) e Ben (Eclectic Elephants) que "ousaram" misturar os seus mundos para criar composições únicas. Inspirados pela canção de Sufjan Stevens, em que o artista norte-americano termina com uma nota agridoce - “E as palavras são artifícios fúteis” - a dupla coloca uma questão: "E se as palavras não fossem suficientes para expressar as nossas emoções?"

A resposta chega com o primeiro EP "Nude" (para ouvir aqui), uma viagem poética e muito envolvente entre memórias de infância e uma ode ao amor, à introspeção e à vontade de transmitir. São cinco peças indie pop com um toque ora folk, ora mais rock com um toque de psicadélico, onde guitarras elétrica e clássica, violoncelo e ukulele se entrelaçam e se fazem complementar por camadas de sintetizadores etéreos. A isto, alia-se vozes cativantes e com o seu quê de oníricas, e o resultado é absolutamente delicioso.

Ora ouçam:

"Pia" foi o meu primeiro contacto, e ainda é a minha favorita. É uma composição intimista e suave, que cresce e ganha o seu espaço em nós a cada nova audição. É uma peça calorosa, plena de emoção por trás de cada nota e de cada palavra. Melodia e voz emparelham-se de forma exímia, em perfeita harmonia, trazendo uma sensação de conforto. Os arranjos revelam-se tão exuberantes quanto delicados, enquadrando-se, sem esforço, na composição e trazendo-lhe a intensidade certa.

Em "Pia", tal como nos outros temas, tudo soa no sítio e no tempo certos, permitindo-nos apreciar cada instante e cada acorde. É uma composição genuína, reconfortante, relacionável também, que nos sossega tanto quanto nos inspira - e o mesmo se aplica às restantes canções de "Nude", um trabalho introspetivo e sereno. E é para ouvir sempre que precisarmos de sossegar o espírito e espairecer a mente.