Ao Vivo: Norton no Teatro Maria Matos

Créditos: Arlindo Camacho

Esta noite, trago-vos algo diferente: a crónica sobre o concerto dos Norton, que aconteceu na passada quarta-feira, no Teatro Maria Matos, em Lisboa. Pode parecer estranho, mas a verdade é que o alinhamento, pela singularidade e identidade musical da banda, parece-me ideal para ouvir num domingo à noite, contrariando os habituais «sunday blues».

13 de Outubro foi dia de regresso a Lisboa para os Norton, e aos concertos rock para mim. E escusado será dizer que soube-me pela vida. 

[melhor, só se não estivéssemos sentados em lugares marcados, e de máscaras no rosto, até porque a sonoridade dos moços é perfeita para pôr o povo a mexer, mas as circunstâncias assim o obrigam.]

Ainda não tinha tido oportunidade de os ver ao vivo, por isso, confesso que o entusiasmo era grande. A abertura, com a incrível "Hours & Days", do disco homónimo de 2014, fazia antever um concerto eletrizante. E assim foi. Os rapazes não só cumpriram, como excederam as minhas expectativas. 

"1997", "Young Blood", e "Passengers", que continuam a rodar cá em casa, foram, para mim, momentos maiores no concerto de apresentação de "Heavy Light", lançado no ano passado [ler aqui]. "Tango", como eu "previ", foi outro dos momentos fortes, tal como "Save My Soul", que, apesar de não ter fechado o alinhamento, fez parte da trilogia final, uma espécie de crescendo intencional de intensidade, que começou com a sedutora "Madrugada" e terminou, com estrondo, com a explosiva "Brava", também de 2014. Pelo meio, houve tempo para recuperar outras canções mais antigas, como "Layers" e "European", e reavivar as minhas memórias de canções perdidas como "Two Points" e "Magnets". 

Foi, por todos os motivos e mais alguns, uma experiência incrível.
Ao longo de quase hora e meia, os Norton deram tudo em palco; a sua cumplicidade é notória, e a energia, que deles emanava, contagiou quem, como eu, assistia na plateia. Tudo soou mais intenso, mais dinâmico e sentido. As canções ganharam outra vida, ainda mais luz, e muito mais força, graças ao «barulho» dos instrumentos.

É essa a magia dos concertos. E neste, não foi diferente.
Não falharam os ritmos rápidos da bateria sempre pujante do Rodolfo, o baixo gingão e marcante do Leonel, as guitarras melódicas e harmoniosas do Manuel e do Pedro. E este último surpreendeu-me, ao cantar exatamente como em disco, seguro e genuíno, de emoção e sorriso na voz.

Também não falharam os reverbs, os roadies a circular entre músicas, o jogo de luzes em perfeita sintonia, a química em palco, os aplausos, a felicidade estampada no olhar de cada um deles e de cada um de nós.

Não há muitos sítios onde me sinta tão feliz como em concertos, sobretudo de bandas que gosto e cujas músicas me fazem sentir bem. Apesar do cansaço semanal que já se fazia sentir, saí revigorada do Teatro Maria Matos. Por isso, fica o agradecimento aos Norton, por terem tornado a noite, de 13 de Outubro, inesquecível. Foi um concerto «do caraças», o melhor pontapé de saída para a temporada de concertos 2021-2022 que poderia pedir.

nota final:

Para os curiosos, eis o alinhamento completo: Hours & Days + Layers + 1997 + Young Blood + Two Points + Tango + Glowing Suite + Changes + Passengers + European + Premiere + Magnets + Madrugada + Save My Soul + Brava

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