Arliston de regresso com "Monks of Lindisfarne" e "Vertical", emoção em forma de canção


O segundo destaque do dia vai para os britânicos Arliston, sobre quem já falei aqui. Depois de "Thawed", lançado no final de 2023, Jack Ratcliffe e George Hasbury iniciam um novo capítulo com "Monks of Lindisfarne" e "Vertical", duas canções retiradas do próximo álbum, "Disappointment Machine" ainda sem data prevista de saída.

A primeira chega-nos mais introspetiva, com uma produção calorosa e um ambiente emocionalmente tenso, entre o amargo da rejeição romântica e a serenidade do momento. A segunda, que conta com a colaboração de Sam Catchpole na bateria e Brett Shaw na percussão, traz consigo algo mais expansivo, evocando a sensação de vazio que tanto nos atormenta como nos liberta.

Ainda que seja suspeita - já sabem, os Arliston têm um lugar muito especial no meu alinhamento e no meu coração - as duas composições são absolutamente cativantes.


"Monks of Lindisfarne" começa suave com uma guitarra dedilhada a amparar a voz, que em primeiro plano, soa com a emoção à flor da pele. A percussão vai marcando o ritmo, ao jeito do bater do coração, ora mais sossegado, ora mais inquieto. Faz-se acompanhar de uma base de sintetizadores e arranjos plenos de intensidade, que conferem à paisagem sonora uma dimensão imersiva e extasiante que nos leva para longe.

"Vertical", por seu lado, ainda que mantenha o registo emotivo sempre presente nas canções dos Arliston, oferece-nos um ambiente mais vivo, com mais texturas. A voz de Jack guia-nos por entre as notas de música, onde teclas ritmadas e batidas pulsantes dão-nos uma sensação de crescente emoção. A voz, com o seu quê de melancólico, vai ganhando outra energia, revelando-se mais luminosa no final, com o apoio de uma linha de guitarra deveras reluzente.


Nas duas, encontro as influências de Bon Iver e de The National, que, para mim, as mantém naquele lugar familiar que nos dá conforto. As suas paisagens sonoras têm tanto de térreo como de onírico, de tenso e de intenso, de introspetivo e de exuberante, sempre sincero e orgânico.

E, para mim, é essa a magia da música dos Arliston. Com as suas canções, despertam sentimentos que nem sempre queremos por perto mas que temos de enfrentar para conseguirmos seguir em frente. Por isso, "Monks of Lindisfarne" e "Vertical" parece-me perfeitas para ouvir sempre que precisarmos de um espaço de refúgio para nos deixarmos levar pelas emoções.

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