"Some Of Us Were Islands", eis o novo disco dos Moon Under Water


Para este fim de tarde, a minha escolha recai em "Some Of Us Were Islands", o novo trabalho dos Moon Under Water, o projeto do cantor e compositor Michael Bloss e do baterista Adam Newton, sobre o qual já falei aqui há uns anos. Consideram-se uma espécie de banda indie rock, apresentando uma sonoridade com uma sensibilidade folk, tão atmosféricas e introspetivas quanto vibrantes e expansivas.

O disco revela, por entre as suas notas de música, texturas indie folk e art rock, conferindo às composições uma dimensão tão sonhadora quanto cinematográfica, feita de paisagens sonoras cativantes e imersivas, com orquestrações que têm tanto de arrojado quanto de caloroso.
Ora ouçam:


O início suave, ao som de "Safety First" e de "The Purpose of a Boat" (a primeira com arranjos vibrantes e que entusiasmam os ouvidos, a segundo com uma aura algo etérea), dá lugar ao primeiro impulso com "Green Around The Gills". Canção cheia de energia e de genica, apela ao sing along e ao bater do pé, graças a um instrumental rendilhado, pulsante e luminoso e harmonias vocais expressivas e inspiradoras. Os arranjos de metais soam absolutamente maravilhosos e elevam o ambiente, numa canção, por si só, cativante.

"Ephemera" traz consigo um registo orquestral mais lento mas não menos apetecível, com arranjos que me levam ao jazz, talvez por culpa dos metais. É uma canção em crescendo, reconfortante e intensa, expansiva e intimista, ao mesmo tempo. A voz de Michael ecoa e brilha canção fora, emocionando quem o ouve, como se, finalmente, tivesse encontrado o seu espaço. Esse sentimento mantém-se em "Wicker Tree", com instrumental e voz em perfeita sincronia. A primeira soa rica e vibrante, com harmonias reluzentes e um ritmo apelativo, a segunda aguerrida e envolvente, ambas com um sentido de melodia inegável.

"About To Be" quebra o ritmo, quase como uma música ambiente que nos permite recuperar o fôlego para recebermos a envolvente "Surrounded", feita, mais uma vez, de acordes e texturas coloridos e arranjos vocais sentidos. "Low Spirits" exala o seu quê de melancolia por entre os riffs incisivos da guitarra que nos conduz pela canção; "A Blanket" é um interlúdio que acalma o espírito inquieto e "Autumn Mirror" fecha o disco num tom muito melódico e, sobretudo, esperançoso, cortesia do seu ambiente quente e de um final vibrante.

"Some Of Us Were Islands" é um disco feito de contrastes, de momentos mais fervorosos e outros mais comedidos, de tempos de introspeção e de tempos de celebração. Faz-nos pensar neste trabalho como uma montanha-russa ou, até, como um mar ondulado, ambos perfeitos para ilustrar os altos e baixos da vida, pelo que me parece a companhia certa para quando nos quisermos deixar levar pelos nossos pensamentos.

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