#10anosdisto, por Chavininha
"O tempo passa depressa demais quando nos divertimos", disse alguém, alguma vez, num sitio qualquer que, para este caso, é absolutamente irrelevante. Pois é, e com este tempo que passou depressa demais porque nos estávamos a divertir, chegámos aos 10 anos de blog, tanto tempo e tão pouco, num dia que é dia de festejar tantas coisas quantas estes 10 anos nos trouxeram, e tantas quantas o tempo que faltar ainda há de trazer.
Fui aprendendo a guardar num cantinho do meu coração todas as coisas bonitas que a vida me foi trazendo, e estes 10 anos de Phonograph Me estão num sítio desses, bonitos e cheios de cores, estrelinhas e brilhantes, como eu mais gosto, e nem poderia ser de mais forma nenhuma.
Na verdade, estes 10 anos foram, como a vida, cheios de memórias e de momentos, não só porque não poderiam ser de nenhuma outra forma, mas essencialmente, porque nos esforçamos sempre por isso (e ainda não criaram o cartão de cliente frequente Porto/Lisboa, vejam bem a desfaçatez!!!), por fazer valer a pena, por horas de viagens de comboio, carro e afins e, acima de tudo, por fazer da música o ar que respiramos, todos os dias, quando são dias bons, ou quando não são.
Sabe, quem me conhece, que eu não sou muito crente (no geral, nada em particular me chateia mais do que estar a acreditar em coisas, até, porque, na maior parte das vezes, sempre que acredito sai asneira) o que implica que, se formos bem a ver, a única coisa que continua a ser mesmo importante para mim é a música, que continua a ser a minha igreja, a minha crença, a minha terapia, e, mais do que tudo, a minha forma de continuar a acordar todos os dias com um sorriso na cara (mesmo que tarde e a más horas, e que a minha alma só desça passado mais do que meia hora de abrir os olhos, isto se não me esquecer de tomar café.) Para me explicar de forma mais convincente, e seguindo o mote daquilo que sempre defendemos por aqui: para mim, a música sente-se, e faz-nos sentir, e isso é o que vale.
Imaginem a quantidade de coisas que se sentem e que acontecem em 10 anos, e de que eu poderia estar a escrever aqui! Os amores e os desamores (os que deram em casamento e os que dão só para soltar gargalhadas altas!), os amigos que se fizeram, a família que se criou, a ajuda que tivemos de cada pessoa que tirou, nem que fossem 5 minutos do seu dia para nos ler ou para nos ajudar a resolver coisas, a ajuda de cada pessoa que acreditou naquilo que queremos fazer e no nosso trabalho, as bandas de que vamos falando e por quem, inevitavelmente, vamos ganhando carinho (e algumas até paixões musicais!), festas e viagens, e até uma pandemia nos aconteceu pelo caminho! (e sim, o blog foi responsável também por me ajudar a manter a sanidade mental durante os dois anos e coiso de confinamento...) e pensem comigo: acham mesmo que isto tudo não vale a pena? O saber que, não só nos faz bem a nós, como o facto de podermos estar a fazer do dia dos outros um dia melhor?
Todos os dias de Phonograph Me valem a pena, todos os concertos, todos os festivais, todas as canções, as horas passadas a escrever, as noites em branco ou mal dormidas a montar playlists e a falar de canções que "tens mesmo que ouvir porque são assim tão boas!" e todas as notas de música valem tanto a pena, que a determinada altura, a minha historia já se confunde com o blog, ou a minha vida já se confunde com determinado sítio em determinada hora em que estávamos a ouvir determinada música sabe Deus onde!
Hoje é dia de celebrar os 10 anos disto, deste organismo vivo que em que se transformou o blog, e celebrar a ideia tida num festival (manhoso, diga-se bem a verdade...), onde duas pessoas que se conheciam há muito pouco tempo, se lembraram que tinham que escrever sobre isto da música que faz sentir coisas, sem perceber nada disto a não ser mesmo isso: que a música é a coisa que faz sentir seja o que for.
E, passados 10 anos, a arte do não perceber alguma coisa disto continua a mesma, mas o sentir ficou cada vez mais forte. E isso é que importa.
Não podia acabar isto sem agradecer a paciência da Concertina para quando eu escangalho tudo, ou troco letras, mas olha, já sabes, é o que temos! E como estamos mais velhas, também não tem tendência para ficar melhor! (O resto é o resto e não tem lugar aqui em letras, e nas palavras que se poderiam escrever, que seriam sempre poucas, sendo elas também demasiado pessoais para serem escritas aqui ou noutro sitio qualquer.)
De tudo, e porque teria que acabar de forma dramática (ou não fosse eu quem sou!) escolhi uma das minhas citações preferidas de sempre sobre música, aquela que, provavelmente define não só a forma de eu ver, sentir e pensar na música, mas a minha própria forma de estar na vida, desde sempre e para sempre. Descaradamente roubada de um livro do Kalaf Epalanga que se chama "Até os Brancos Sabem Dançar", cá vai ela "... talvez, como as fotografias, as canções perpetuam momentos cujo prazo de validade não é definido pelo tempo...".
Falar de música é sempre muito redutor porque faltam sempre palavras, porque, como qualquer outra das artes (embora eu ache a música a arte mais democrática de todas), deve puxar de nós um sentimento, trazer-nos uma proximidade do divino, do transcendental e daquilo que não se explica, mas eu prometo continuar a tentar sempre que achar que vale a pena, e pelo tempo que continuar a fazer sentido, porque como eu disse ali em cima, a música perpetua as memórias, que, para mim, são a maior riqueza que podemos criar nesta vida, e estes 10 anos de blog tem tantas que seria absolutamente impossível trazê-las hoje aqui.
Acabo de forma simples, mas sentida, fazendo um exercício de surrealismo puro. Decidi que queria mandar para este organismo vivo que se criou aqui uma mensagem, como se, num universo paralelo qualquer, o blog tivesse um telemóvel. Seria qualquer coisa muito parecida com isto, e eu acho que ele ate ia gostar:
"Parabéns Phonograph Me! Quem diria que estás quase um pré-adolescente! Prepara-te porque a partir daqui o limite é infinito, como a força das memórias que me ajudas sempre a criar, um bem haja e um obrigada, da tua
Chavininha."
👏👏👏👏
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