O sempre fascinante regresso ao Parque, ou, a crónica possível de um primeiro dia mágico de NOS Primavera Sound

Créditos: Chavininha

Sim, foi desta.
Depois de dois anos sem música ao vivo, libertaram-nos e deixaram-nos ir ao Parque. E, começando já pelo fim, que bem que me soube voltar. Apesar da quantidade de gente (que quem me conhece sabe que eu acho que é sempre a mais), das filas intermináveis para o que quer que fosse, e de tudo e mais três tostões de que me vou queixar amanhã (ou hoje quando me estiverem a ler), ir ao Parque, sentir o NOS Primavera Sound, e estar naquele sítio é nunca menos do que mágico, e é, sem excepção, sempre uma aventura.

Mas vamos ao que interessa, neste caso, a música.
Já se sabe que, por aqui, nós, quando vamos a festivais, só vamos ver as coisas que nos dizem alguma coisa. Daí que não tivesse sentido a necessidade de chegar lá antes da Golden-Hour. Afinal de contas, era a hora de (re)ver Sky Ferreira e a sua Pop Rock hipnotizante e tão imponente.


Sky que, apesar da quase meia hora de atraso, nos brindou com uma setlist impecável, cheia de coisas novas e de "clássicos", que me puseram a bater o pé e a abanar a anca, no que eu acho que foi um belo início de noite. E nem o Palco Super Bock a meio gás (ou o som que chegava de Kim Gordon, que estava no palco Binance), fizeram com que abandonássemos a meia hora de Sky, sempre tão única como ela mesma, e sempre a surpreender a cada novo concerto. Para mim, foi muito bom vê-la de novo, como acontece com os velhos amigos: a contar novas histórias e a relembrar memórias de outros tempos.

Depois era a hora de ouvir Nick Cave. Perceberão facilmente pela primeira foto deste post porquê. Toda a gente sabe que Nick Cave tem com o Porto uma ligação quase de sangue. Porque sempre que veio ao Primavera Sound fez magia e encheu a casa. Talvez porque, se pensarmos bem nisso (e a esta hora é me difícil pensar muito, eu confesso, são 05:33 da manhã e eu já deveria era estar a dormir...), a poesia densa de Nick Cave encaixa bem no Porto. A sua garra e a forma enérgica com que se nos apresentou também. A minha falta de paciência para muita gente é que nem por isso.

Mas, independentemente de tudo, Nick Cave fez magia, desfilando êxitos mais ou menos recentes, e captando a atenção do público como poucos conseguem sempre, um senhor do início ao fim do concerto, de onde eu só posso falar de "Red Right Hand" (porque sim, Peaky Blinders e coiso), e de "Into My Arms", mais que não fosse porque me arrancou do sítio onde estava sentada e me levou a ir para o meio das pessoas, cantar uma música com memórias, daquelas que por mais anos que passem, têm a sua história, e está na minha.

Foto de Chavininha

Depois de Nick Cave, rumámos a ver Cigarettes After Sex, no Palco Cupra. E que bonito que foi. A suavidade mágica dos Cigarettes After Sex, que eram tão esperados por toda a gente, e que, rapidamente, não só encheram o palco como nos encheram de sorrisos e de boa onda. A simpatia e a empatia que geraram naquele bocadinho de concerto a que tive a sorte de assistir ontem foi mais do que inenarrável, foi completamente sensorial, e eu continuo a achar que eles seriam a companhia perfeita para a Golden Hour no palco principal, com o calor que está no Porto, sentada na relva. (calma que pode ser sono já.).

A questão foi que tive que abandonar. Não por termos uma consulta às 5, como o senhor dos apanhados, mas porque estava quase a chegar a hora de ver os Tame Impala. E, ao contrário do que eu achei que ia acontecer, o recinto continuava cheio de gente. Porque eram os Tame Impala. E isso é a mesma coisa que ser genial (pelo menos, para mim).


Tame Impala que, de repente, me lembraram das saudades que eu tinha de estar ali, a ouvir música, ao pé do mar, no Parque. E que, rapidamente, nos fizeram render ao seu som e à simpatia do mágico Kevin Parker (sobre quem eu disse, sem medos, que "amo por amor") e que nos levaram numa viagem alucinante do primeiro ao último álbum, tendo transformado o Parque, que ainda estava sob o efeito do magnetismo melancólico de Nick Cave, numa verdadeira pista de dança, com strobes de luz e ovnis (que eu ainda estava na esperança que nos tivessem vindo buscar), e que nos fizeram esquecer das horas.

Foto tirada pelo primo da Chavininha, que compactua com o amor pelos Tame Impala, e estava ao pé do Kevin Parker.

Foram duas horas e qq coisinha de magia, das canções mais Rock, como "Elephant", às mais psicadélicas, como "Eventually", passando por todas as que eu queria ouvir, como "Feels Like We Only Go Backwards" ou "Let It Happen", por exemplo. Os Tame Impala mostraram-nos que sabem mesmo muito bem fazer a festa, e levaram o Parque ao rubro, durante um concerto que a mim me pareceu curto, dada a quantidade de energia que ali havia para gastar.

Acabou-se o primeiro dia assim, com um sorriso de felicidade estampado no rosto e com cansaço, como um bom dia de festival deve ser. Com filas para sair e com filas para o transporte para casa (que não deviam acontecer mas que são um clássico), e com o telemóvel cheio de fotos incríveis que fazem antever um dia de amanhã em cheio (sim, tirámos fotos com o Chico da Tina, e tivemos conversas muito engraçadas sobre a cor do meu cabelo (aquele assunto clássico!) com os Holy Nothing, mas sobre isso não falaremos aqui, sorry!), até porque eu já estou atrasada para ir dormir, e amanhã há mais. No Parque, mais ou menos na golden-hour. Até porque tudo fica mais bonito a essa hora, não é?

Ir ao parque é sempre uma delícia, e este primeiro dia não foi uma excepção. Agora tenho mesmo que ir embora, senão não acordo, e daqui a bocado há mais!

Até amanhã!!!
Chavininha. 

Sem comentários:

Imagens de temas por merrymoonmary. Com tecnologia do Blogger.