Sábados de Sol à beira-mar, ou como acabou o NOS Primavera Sound, já a deixar saudades

 

Começo por dizer que já acabou, mas que já tenho saudades. E ainda à bocado me vim embora. Mesmo estando cheio de gente, mesmo com gente a mais para o meu gosto, mesmo com muito calor, e com todas as horas que ficaram por dormir nos últimos três dias, as saudades do Primavera Sound já se começaram a fazer sentir.

Mas vamos ao que interessa, dado que era no cartaz de Sábado que tinha marcado encontro com mais dois dos nomes que me fizeram ir ao festival, o sempre genial (e demasiado gentil!) David Bruno, logo às 5 da tarde e com 28 graus (que, como eu disse à Concertina, só me apanhou lá por amor, porque sendo eu nórdica de feitio, dou-me muito mal com o calor e fico rabugenta...), e Khruangbin, os hipnotizadores de pessoas, que me fizeram dançar ao fim da tarde, como poucos conseguem. Mas já la volto. 

De dizer já que a ideia era ir ver David Bruno e Khruangbin e voltar para casa, mas eventos vários, encontros e risadas inesperadas, fizeram-me ficar, praticament,e até ao fim do concerto dos Gorillaz, portanto, com calma, e usando a pouca lucidez que ainda me resta (já passa das 4 da manhã, portanto está bravo...), vamos ao que realmente se passou, passo a passo, ou, usando já o nome de uma das malhas de David Bruno, doucement.


Já a saber o que me esperava (daí que eu ache sempre que é amor), David Bruno, sempre acompanhado por Marquito e pelo inesquecível DJ romântico António Bandeiras, abriram o festival, atuando num palco Superbock que encheu ao longo dos 50 minutos de show, e que, mais uma vez, nos levou a passear ao iconográfico e genial mundo de Gaia, passando pelas festas em Figueira de Castelo Rodrigo, Salamanca e as férias na Raia, ou mesmo o já mais do que afamado Inatel, mesmo sem Mike El Nite.

David Bruno é um contador de histórias brilhante, como eu já sabia, e geriu os seus 50 minutos de forma avassaladora, pondo toda a gente a cantar as músicas do início ao fim (com direito a Lamborghini na Roulote e tudo!!!), sabendo-me sempre a pouco, e fazendo-me continuar a achar que já merecia uma slot maior para nos brindar com as suas aventuras e desventuras e com a sua forma tão única de ver o mundo.


Rumámos depois ao Palco Cupra, porque, mesmo tendo tempo de sobra, eu queria muito ver Khruangbin, confesso que, não só pela curiosidade que sempre me despertou a sua música, mas pela própria curiosidade em perceber do que seria o trio do Texas capaz de fazer para conquistar um público sedento de música, como é sempre o do NOS Primavera Sound. 

O que dizer do concerto dos Khruangbin a não ser que foi para lá de muito bom? Que a sinergia inegável dos três elementos da banda é mágica, que o próprio palco dentro do palco (e as pausas para tequila) só fazem sentido quando estamos a falar neles, no seu som tão real e único, ou que o final do concerto, quando Mark Speer nos brindou com uma série de covers (desde Bowie a Chris Isaac, passando por mais do que muitos clássicos da música de dança dos anos 90) e transformou a Golden Hour numa discoteca divertida e cheia de momentos épicos, fizeram com que os Khruangbin (me) tivessem dado o que mais queria: o dia com mais momentos épicos de todo o festival.

Como eu disse ali em cima, era suposto abandonarmos o recinto depois disso, porque, ao terceiro dia, a Chavininha precisa de descansar e coiso... (e porque eu e os Interpol temos uma longa série de tentativas falhadas de entendimento...), mas a verdade é que fui ficando. Ora porque encontrei mais amigos, ora porque fomos jantar, ora porque sim, e, quando nos demos conta, já os Interpol tinham ido À vida deles (e sim, até o som da Pabllo Vittar no palco ao lado do "nosso" foi mais divertido e puxou mais para a dança que eles), mas porque foi ficando noite, e já faltava pouco para os Gorillaz, e quem aguentou tanto, aguenta mais um bocadinho.


Passámos pela animada "danceteria" do DJ Set de Grimes (sim, coisas de dançar é para mim, já sabemos), até termos ido esperar pelos "desenhos animados" mais fixes de sempre, e de nos deixar levar pela sempre mágica e poderosa intensidade do projecto, que, pelo menos até termos tido mesmo que abandonar o recinto, surpreendeu pela autenticidade e pela garra de Damon Albarn, cada vez mais novo, que pôs o público todo em euforia, dando ao festival um fecho épico como ele merece. 

Sinto que, depois destes três dias, a vida está, finalmente, a voltar ao normal, e que, mais uma vez, se verifica que as pessoas precisam de música para que isso aconteça. E que, entre gargalhadas, abraços e muita musica, este foi mais um Primavera Sound que se tornou inesquecível, e que tem histórias para contar até sermos velhinhos.

As minhas vénias a todos os artistas (especialmente a Tame Impala, Chico da Tina, David Bruno e Khruangbin), e a todas as pessoas que quiseram vir comigo, que dançaram comigo e que me fizeram ser um bocadinho mais feliz: de uma coisa eu tenho a certeza, assim que houver mais (que deve ser para o ano, se correr tudo bem), estaremos lá de novo, a ser felizes no Parque, como tem que ser.

Beijinhos da Chavininha. 

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