Sobre "Thank You Alexander", o disco de estreia de Mary Middlefield


Para este fim de tarde, a minha escolha recai em Mary Middlefield, sobre quem já falei aqui. A cantautora suíça lançou no início do mês o seu disco de estreia, "Thank You Alexander" composto por 12 canções nascidas na sequência de um desgosto.

Permitindo-lhe lidar com a sua tristeza e com tudo o que lhe aconteceu, é, talvez por isso, um álbum eclético q.b, com tanto de melancólico quanto de onírico, de clássico como de contemporâneo, de sombrio e de esperançoso, revelando a qualidade e o talento de Mary.


"Last Letter", poema manuscrito que mais tarde virou canção de abertura, marca bem a emoção do disco. "This One's For You" e "Two Thousand One" (já destacadas por aqui) exploram o romance e o abuso emocional respetivamente, e em "Mama Told Me", evoca-se a ausência de entes queridos. "Firearm" - composição de arranjos calorosos e exuberantes, plena de harmonia e com uma interpretação aveludada - "Requiem" e "Mass For The Dead" têm como fio condutor as origens clássicas de Mary. "Mr John" recupera o tema dos abusos e traz consigo um ambiente mais carregado, evocando as suas emoções mais sombrias, antes de "Band-Aid" (que me deu a conhecer o trabalho de Mary) e a reconfortante "Case Closed" encerrarem o álbum num registo sincero e comovente - e, talvez, mais sereno.

É um trabalho que revela honestidade, emoção, conforto e segurança. Feito de paisagens sonoras ricas e cinematográficas, É um disco muito pessoal mas também muito relacionável, mesmo que não tenhamos passado pelo mesmo. A "culpa" é sobretudo das interpretações de Mary, irrepreensíveis ao longo do disco, sempre muito expressivas e com uma vulnerabilidade desarmante. Conseguimos perceber a sua dor e as suas dúvidas e sentir, canção a canção, como vai colando os pedaços do seu coração e se reconstrói.

"Thank You Alexander" é um disco que tem muito de catártico, de cura interior, de aceitação e de esperança. E é para nos fazer companhia sempre que precisarmos de sentir o que nos vai na alma e enfrentar e ultrapassar o que nos apoquenta. 

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