Manhãs serenas ao som de "Carbon Neutral Airplanes", o novo single de Antony Hurley

De volta, neste fim de manhã de Sábado, está o cantautor britânico Antony Hurley, sobre quem já falei aqui. "Carbon Neutral Airplanes" é o mais recente single, parte integrante do disco de estreia "Quiet Rooms".

O disco, escrito e gravado ao longo de dois anos, é o culminar de uma década de interesse na arte da composição. Com uma sonoridade aperfeiçoada ao longo dos anos, "Quiet Rooms" apresenta um sublime trabalho de guitarra e banjo, harmonias vocais emotivas e letras relacionáveis e honestas.

Introspetivo q.b., é também um disco de emoções. A melancolia da voz e da palavra convive lado a lado com a energia e a luminosidade das notas de música, de forma equilibrada e muito bem feita. E isso transparece sem esforço ao longo das 11 canções que compõem o disco, incluindo "Carbon Neutral Airplanes".

Abordando a temática do ambiente, "Carbon Neutral Airplanes" tem tanto desalento quanto esperança. Verdade seja dita, é muito isso que sinto todos os dias em relação ao assunto. Não é de estranhar, por isso, que me tenha feito sentido cá dentro.

Longe de ser uma canção derrotista, esta composição tem muito de real. A construção da composição evoca bem (pelo menos para mim) a dicotomia gerada pelo assunto. Se, por um lado, a paisagem sonora soa calorosa e suave, por outro, a voz de Antony, deveras melódica e expressiva, emana desânimo, por entre texturas fluídas e arranjos envolventes que vão crescendo canção fora e amparando a interpretação.

Inesperadamente, ou talvez não, como que contrariando o ambiente nostálgico dos versos, a entrada em cena do refrão irradia luz. Com sintetizadores e guitarras reluzentes e harmonias vocais auspiciosas, o ambiente ganha uma outra energia, um ímpeto, para logo depois nos remeter a um estado de contemplação, permitindo-nos refletir sobre o estado das coisas e, quem sabe, levar-nos a fazer melhor.

"Carbon Neutral Airplanes" é uma canção profunda e sincera, que tanto nos conforta como nos impele a pensar no que andamos a fazer. E é perfeita para musicar momentos de reflexão e de introspeção.