"Wide Wall, Tree Tall", o novo disco dos Cave Story

 


Para este fim de tarde de Quinta-feira, a minha escolha recai não num single mas num disco. Hoje, é tempo de dar destaque a "Wide Wall, Tree Tall", o novo trabalho dos Cave Story, quarteto composto por Gonçalo Formiga (voz e guitarra), Ricardo Mendes (bateria), Zé Sousa (guitarra) e Bia Diniz (baixo).

Escrito durante a pandemia, e pensando no que lhes conheço da discografia, o disco parece revelar menos urgência e não soa tão imediato. Mantém, no entanto, o desassossego que lhes associo, o inconformismo com o estado das coisas.

Houve, parece-me, mais tempo para refletir, para criar, para explorar. E o resultado é um disco assertivo nas melodias e incisivo nas letras, mas também descontraído na forma como tudo nos chega ao ouvido.


Diz o press release, que o primeiro avanço, "Sing Something For Us Now", «mostrou uma banda que apurou os seus ingredientes de forma bem assertiva e sem nunca perder a identidade, entre as guitarras e uma letra que descreve uma viagem pela vertigem quotidiana de quem é e quer vingar enquanto artista

Eu acrescento que as 11 canções, sejam elas mais expansivas ou mais introspetivas, com mais ou menos ritmo e mais ou menos pujança, trazem consigo um som consistente na forma e no conteúdo - e, se calhar, mais maduro - com guitarras melodiosas, batidas firmes, linhas de baixo encorpadas, teclados cirúrgicos e interpretações tão cáusticas quanto despretensiosas.

De todas, destaco "Sing Something For Us Now", com o seu ritmo cadenciado e linhas de guitarra cortantes e a voz de Gonçalo assim meio desprendida e distante; "Dead and Fermenting", de instrumental intrincado e dinâmico, feito de uma batida segura e acordes hipnotizantes e tensos; "Aching For a Rebel" que, nos versos, me fez lembrar Franz Ferdinand, sem lhes ficar atrás; "Unexpected Advantage", de ritmo acelerado, guitarras nervosas e baixo apetecível e que me acompanha regularmente no caminho casa-trabalho-casa; "This Is Academy", com as suas linhas melódicas orelhudas e cadenciadas; e "Waterproof" que fecha o disco e mostra um registo mais despojado, guiado por piano e baixo que suportam a voz contida de Gonçalo, tornando a composição uma das que mais sobressai em "Wide Wall, Tree Tall".


Contas feitas, encontrei, neste novo trabalho dos Cave Story, uma banda mais crescida, mais destemida, com tanto de despreocupado como de assertivo, sem esquecer uns pozinhos de escárnio bem presentes nas interpretações de Gonçalo Formiga que se vão revelando por entre os instrumentais combativos e inquietos.

"Wide Wall, Tree Tall" é um disco arrojado, efervescente e inconformado e é para ouvir sempre que quisermos despertar o nosso lado mais combativo.

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