"Pisco Sours", o intenso novo single dos Arliston
De volta neste fim de tarde, estão os britânicos Arliston, sobre quem já falei aqui. O novo single chama-se "Pisco Sours" e é a mais recente amostra para o próximo EP, uma canção nostálgica, onírica, com tanto de suave como de intensa, que me deixou mais uma vez rendida ao trabalho de Jack Ratcliffe e George Hasbury.
Já o disse antes, há algo de mágico e de fascinante na música dos Arliston. Na forma como flui naturalmente, como soa calorosa, humana, relacionável. É calma e emotiva, é vívida e é etérea ao mesmo tempo, equilibrando na perfeição luz e escuridão.
"Pisco Sours" não é exceção.
Os meus ouvidos colaram na dualidade do ambiente, feito de texturas densas que se entrelaçam sem receio com harmonias reluzentes. Elementos eletrónicos, bem marcados, emparelham-se com guitarra e piano criando uma paisagem sonora envolvente, rica, imersiva, que tem em si uma sensação de aconchego que nos faz sentir em casa.
Mas o que mais surpreende nesta composição, pelo menos a mim, é a interpretação magnífica de Ratcliffe. É sabido que a sua voz me encantou desde o primeiro momento, que o timbre encaixa perfeitamente nos meus ouvidos e que a sua expressividade é de uma riqueza tremenda. Em "Pisco Sours", entre o barítono e o falsete, revela-se a multidimensionalidade da sua voz. Há melancolia, há timidez, há desalento e há ternura, evocando o turbilhão de emoções que os relacionamentos e a nossa própria essência podem gerar. E, por entre a deliciosa secção de metais que traz raios de luz lá para o fim, a voz de Jack sobressai e irradia o ambiente, deixando no ar leves apontamentos de esperança.
"Pisco Sours" é, sem sombra de dúvida, uma canção marcada pelas harmonias vocais irrepreensíveis, sem desprimor, claro, para a paisagem sonora. São indissociáveis e, para mim, o equilíbrio conseguido entre composição melódica e vocal, que despertam os sentidos de quem ouve, é o grande trunfo dos Arliston. E "só" por isso vale bem a pena escutá-los.
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