"Charlemagne", o novo e harmonioso single de JJ Miller
O destaque deste fim de tarde vai para "Charlemagne", o novo single do cantautor e baterista canadiano JJ Miller, e a primeira amostra para o seu novo EP "Name & Place Vol. II", ainda sem data de lançamento (o volume I pode ser ouvido aqui). O tema foi impulsionado pela turbulência política em 2020 e conta a história de um rei bêbado que usa a religião para expandir o seu império, servindo de metáfora para a luta recorrente da humanidade frente a líderes políticos tóxicos.
Apesar da temática, ou por causa dela, "Charlemagne" é uma canção animada e muito melódica pincelada por pozinhos melancólicos, recuperando (e estendendo) o seu trabalho de composição.
Aos primeiros acordes, nota-se a musicalidade da canção. O cuidado na construção das linhas melódicas, nas texturas, nas harmonias. Tudo soa no sítio certo, no momento certo, guiado por uma bateria marcante e certinha, que se faz acompanhar por um baixo delicioso, teclas coloridas e uma linha de guitarra suave. A intensidade cresce no refrão e ali pelo minuto 2:49, o instrumental faz reluzir a canção.
Por entre estas envolventes notas de música, irrompe a interpretação de Miller sem falhas. A colocação da voz, que se adapta aos diferentes momentos da canção, revela a amplitude vocal. O seu timbre é comedido, prudente até, nos versos, mas evidencia uma luminosidade e uma elegância admiráveis no refrão. E parece, ainda, ganhar um impulso extra, cortesia dos arranjos sonoros, exímios.
"Charlemagne" é uma canção muito bem feita, muito rica e muito detalhada, que demonstra a qualidade do trabalho de JJ Miller. E que eleva, sem dúvida, a fasquia para o que aí vem.
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