"Thawed", o cativante novo single dos Arliston
A fechar a noite, eis "Thawed", o mais recente single dos britânicos Arliston, sobre quem já falei aqui inúmeras vezes. O tema, o último do ano, sucede ao lançamento do EP "How In Heaven" e traz consigo um ambiente nebuloso e melancólico, distinto de peças anteriores, mas, ainda assim, reconhecível no universo "Arliston", que continua a evocar sentimentos profundos e, muitas vezes, intrínsecos ao ser humano.
É a beleza do trabalho da dupla britânica, o de conseguir explorar a profundidade das emoções e torná-las palpáveis, relacionáveis e, quem sabe, trazer conforto e alento a quem as ouve. Sou suspeita, mas, quando os ouço, sinto sempre a alma mais quente e o coração mais aconchegado.
"Thawed", que revela a história de alguém preso a um comportamento cíclico, tem tanto de denso como de libertador, e é mais uma composição absolutamente cativante.
Ora ouçam:
O ambiente desenvolve-se lentamente, a partir de versos enevoados e atmosféricos, cortesia de uma linha de guitarra melódica e uma batida esparsa que criam o espaço perfeito para a voz de Jack brilhar. A sua interpretação guia-nos canção fora, entre o sussurro e o encantamento, num crescendo emocional que culmina num refrão feito de ritmos angulares de bateria, linhas de baixo vibrantes e uma energia subtilmente luminosa.
Ao longo da canção, tudo flui sem esforço, de forma harmoniosa, e com as diferentes texturas no sítio e no momento certos, resultando numa paisagem sonora tão suave quanto arrojada, tão desoladora quanto calorosa. E, por mais que a letra espelhe um sentimento de desespero e a melodia termine abruptamente, a sensação que (me) fica quando a canção termina é a de esperança. E, para mim, não há nada melhor.
"Thawed" é sombra e é luz, é desânimo e é coragem, é fragilidade e é força, uma canção que, nas suas notas e nas suas palavras, recorda-nos o quão complexa é a condição humana. E é para ouvir sempre que precisarmos de espaço para sentir.
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