"boy" e "blue", a música poética e outonal dos Settling


Para este fim de tarde, eis "boy" e "blue", os dois singles lançados recentemente pelos Settling, o projeto que junta os britânicos James Walker (sobre quem já falámos aqui um par de vezes) e Rain Adair. As duas canções são um olhar introspetivo e etéreo (poético e confessional também) sobre as suas vidas e farão parte do EP "Field of Vision" previsto para breve.

Explorando traumas de infância, vícios, perdas e recuperação, as canções trazem consigo necessidade, emoção, partilha e sobretudo catarse, evocando, quem sabe, a premissa de que a Música liberta-nos sempre.


Confesso que, quando ouvi "boy" pela primeira vez (e mais tarde "blue"), lembrei-me dos meus amados Bon Iver. Há momentos, como as harmonias vocais num caso e o falsete no outro, que nos remetem diretamente para "For Emma" e "Bon Iver" e isso foi meio caminho para me render. Mas há muito mais do que essas influências no trabalho dos Settling.

São, de facto, composições de arranjos espaçosos e etéreos que evocam sentimentos de nostalgia, melancolia e reflexão, que têm muito em comum com outros tantos projetos, mas há algo que os distingue: a autenticidade e a vulnerabilidade que lhes sentimos na voz. James e Rain complementam-se tanto quanto se elevam e as suas interpretações são sentidas e reconfortantes, contendo ternura e calor em cada palavra.

"boy" e "blue" são duas faces da mesma moeda, com harmonias vocais que sossegam o espírito e melodias suaves que nos prendem a audição e nos envolvem do primeiro ao último minuto. São canções que trazem aconchego em dias frios e esperança em dias cinzentos, que são como um abraço que surge quando menos esperamos mas que sempre precisámos.

E são para ouvir quando tudo lá fora parecer demasiado.

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